sexta-feira, 26 de agosto de 2011

ONGs denunciam homofobia.

UBERLÂNDIA: Em Uberlândia, como no país, os homossexuais se fazem cada vez mais presentes na sociedade. A diversidade sexual tem sido mais discutida em redes sociais, nos pontos de ônibus, nas escolas e nas rodas de boteco. Mas, apesar de o assunto ganhar mais evidência, inclusive em novelas e reality shows e o aumento deste debate ajudar a inibir o crescimento do número de agressões físicas e verbais sofridas pelos homossexuais na cidade, a homofobia – discriminação contra as pessoas homossexuais – continua presente, segundo dirigentes de ONGs de ajuda aos homossexuais que atuam e Uberlândia, e tem aumentado, mas de forma escondida, já que as denúncias poucas vezes são feitas.
Os dirigentes destas Ongs afirmam ainda que a intolerância também seja mais frequente no ambiente familiar, principalmente por parte dos pais com os filhos que manifestam a vontade de ser travesti ou transexual.
Para o presidente da Associação Homossexual de Ajuda Mútua de Uberlândia (Shama), Marcos Martins, são positivas as conquistas desta classe no âmbito jurídico, no qual anúncios importantes têm sido feitos como a legalização da união estável entre homossexuais, aprovada em maio pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e o projeto de lei de criminalização da homofobia em trâmite no Senado. AInda de acordo com Martins, também é favorável aos homossexuais a estagnação dos números de agressões sofridas pelos homossexuais. Mas, segundo Martins, estas realidades camuflam um problema tão grave quanto o das agressões denunciadas: o crescimento da quantidade de casos de homofobia que permanecem escondidos na cidade.
Segundo Martins, desde 2006, apenas quatro pessoas procuraram a ONG Shama para registrar ocorrências de homofobia. “As discussões na mídia têm ajudado os homossexuais, mas aInda existem muitas situações de homofobia que continuam não sendo denunciadas. A maior mudança que precisa ocorrer é na cultura, na cabeça das pessoas”, afirmou.
No Brasil, existem 19 milhões de homossexuais, de acordo com dados de grupos ativistas. Em Uberlândia, segundo estimativa da Shama, existem cerca de 60 mil homossexuais, mas não há números atuais precisos de crimes relacionados às práticas de homofobia e transfobia – discriminação contra as pessoas transexuais – porque até o momento eles não são tipificados.
Uma pesquisa do Ibope Inteligência divulgada no dia 28 de julho mostra que 55% dos brasileiros são contrários à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconheceu a união de casais do mesmo sexo. O estudo foi realizado entre os dias 14 e 18 de julho, com mais de 2 mil pessoas em 142 cidades brasileiras.
O levantamento mostra também que a população jovem, formada por pessoas com idades entre 16 e 24 anos, e pessoas com mais escolaridade e renda possuem menos preconceito em relação à homossexualidade.
O estudo também evidenciou um conflito de opiniões sobre o assunto entre gerações. Enquanto 73% das pessoas pesquisadas, que têm mais de 50 anos, admitiram ser contra o casamento gay, na faixa etária entre 16 e 24 anos, 60% se declararam a favor. A rejeição chegou a 68% entre os que estudaram até a quarta série do ensino fundamental e não passa de 40% entre as pessoas com ensino superior.
Segundo a antropóloga Flávia Teixeira, a informação é o que tem contribuído para uma maior aceitação da diversidade sexual na sociedade. “AInda há piadas nos banheiros públicos, nas escolas e nas faculdades. As pessoas não tinham noção de como esse preconceito afetava o dia a dia dos homossexuais, mas essas discussões referentes à não aceitabilidade das agressões verbais e físicas marcam o início da mudança deste cenário”, disse.
- O primeiro casal a realizar o contrato de união estável na cidade assinou o documento no dia 1 de maio deste ano. O empresário Joel Peixoto de Souza e o professor Marcelo Leite de Mello vivem juntos há 20 anos.
- Sessenta mil brasileiros declararam viver com cônjuge do mesmo sexo no Censo de 2010. Foi a primeira vez que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou em todo o país o número de casais gays.
- Uma pesquisa do Ibope Inteligência divulgada no dia 28 de julho mostra que 55% dos brasileiros são contrários à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu a união de casais do mesmo sexo.
- São 19 milhões de homossexuais no Brasil, segundo estimativa de grupos ativistas.
- De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), a cada dois dias um homossexual é morto no país como vítima do preconceito.
Confira as conquistas do movimento:
-Criação dos Centros de Defesa do Homossexual.
- Dia de Combate à Homofobia.
- Leis de combate à discriminação por orientação sexual.
- Reconhecimento da parceria entre homossexuais para fins de adoção, legalização de estrangeiros no Brasil e recebimento de pensão do funcionalismo público.
* Estas mudanças não ocorreram de forma homogênea em todo o país, sendo condicionadas por fatores locais que determinam sua possibilidade de ocorrência.
- Está em trâmite no Senado.
- Se aprovado, o projeto não criará uma lei nova. Ele incluirá a discriminação por orientação sexual na lei já existente que trata de crimes por preconceito de raça ou de cor (nº. 7.716, de 1989).
- Se aprovado o projeto, a orientação sexual seria inserida no artigo 20 dessa lei que já pune quem “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
Confira as entidades que oferecem auxílio ao público LGBT:
- Associação das Travestis e Transexuais do Triângulo Mineiro (Trans Triângulo)
Rua João Ratcliff, 40 – Umuarama – 3213-5868.
- Associação Homossexual de Ajuda Mútua de Uberlândia (Shama)
Avenida Rio Branco, 750 – Centro – 3210-2124.

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