quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Grupo Arco-íris faz protesto contra homofobia no Rio Integrantes pedem a aprovação do projeto que equipara homofobia a racismo. Manifestantes levaram girassóis que simbolizam "esperança".


Ativistas do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual pediram "piedade, senhor, pra essa gente covarde" aos pés do Cristo Redentor, no Corcovado, na Zona Sul do Rio, neste domingo (7). A frase, que é de uma música de Cazuza e Roberto Frejat, estava em um cartaz carregado pelos manifestantes.

Eles querem a aprovação de um projeto de lei contra a homofobia, que está em tramitação no Senado. 

O projeto equipara a discriminação aos homossexuais ao crime de racismo, segundo o coordenador do Grupo Arco-Íris, Cláudio Nascimento.

Os manifestantes levaram girassóis aos pés do Cristo para transmitir à sociedade ideais contra homofobia. O ato terminou com uma missa no Santuário do Cristo Redentor.

"A realidade desse santuário nos faz integrar a realidade antropológica", disse o padre Omar Raposo antes da benção para turistas.

O coordenador do Grupo Arco-Íris explicou que foram usados girassóis pois representam "esperança, luz e piedade".

"Não estamos falando de privilégio no projeto, mas sim de direitos humanos. Está em questão a discriminação no trabalho e na escola. São coisas concretas", disse o coordenador do Grupo Arco-Íris.

De acordo com dados colhidos na imprensa pelo movimento, 2.582 homossexuais foram assassinados em crimes de natureza homofóbica nos últimos 10 anos. Segundo Nascimento, o Rio de Janeiro é o terceiro no ranking de assassinatos, em segundo está Pernambuco e São Paulo em primeiro lugar. 

EXTRA-EXTRA


Grupo Arco-íris diz que retirou site do ar após ataque hacker

Segundo a ONG, mensagem ‘Fora Dicésar’ apareceu na página.
Grupo defende direitos de homossexuais.
O Grupo Arco-íris de Cidadania LGBT afirma que teve o site atacado por hackers. De acordo com a organização, que defende os direitos dos homossexuais, a mensagem “Fora Dicésar”, em referência ao participante do BBB10, apareceu em destaque na página eletrônica da instituição, junto com expressões homofóbicas, na manhã deste sábado (27).

Dicésar faz parte do time dos “coloridos” da edição atual do Big Brother Brasil. Neste fim de semana, ele enfrenta um paredão contra Marcelo Dourado, um participante acusado de ter discurso homofóbico. No site do BBB, está aberta uma votação para decidir qual dos dois será eliminado.

“Sabíamos que o Dicésar estaria no paredão e na sexta (26) mesmo começamos uma campanha convocando a Comunidade LGBT a votar em Marcelo Dourado. Hoje o site amanheceu alterado e com toda a ferramenta de administração de conteúdo corrompida. Por isso optamos por tirar o domínio do ar”, disse Gilza Rodrigues, presidente da organização.

A ONG está consultando advogados para verificar as medidas jurídicas e criminais possíveis. “Isso é um crime, uma prova de intolerância e violência com a nossa comunidade”, afirma Gilza.


Leia mais notícias de Rio

Vejam também uma Ameaça de novas brigas de gangues faz polícia reforçar segurança em SP


Punks querem revanche contra skinheads para vingar morte de membro.
PM e Decradi monitoram web; confronto pode ser no 7 de Setembro e sexta.




vejam mais no site da globo.

Dupla diz ter sido agredida em ataque homofóbico na região da Paulista Novo caso de agressão aconteceu na Rua Peixoto Gomide. Estudante de 27 anos levou uma garrafada no olho.


Um estudante de 27 anos afirmou que ele e um amigo foram vítimas de mais um ataque homofóbico na região da Avenida Paulista, na madrugada de terça-feira (25), aniversário de São Paulo. Com esse, são pelo menos cinco casos desde 14 de novembro, quando quatro adolescentes e um jovem de 19 anos cometeram agressões na mesma avenida.
Por volta das 4h, o estudante e o amigo caminhavam na Rua Peixoto Gomide, quase na esquina com a Rua Frei Caneca, quando levou uma garrafada no olho direito. O estudante conta que não viu os agressores se aproximarem. Ao tomar a garrafada, ouviu o amigo que o acompanhava gritando para que corresse. O outro rapaz levou um soco no peito e notou que um dos agressores tinha a cabeça raspada, outro tinha tatuagens, e que todo o grupo vestia roupas pretas - seriam skinheads.
O estudante agredido é homossexual e mora na Zona Oeste. Seu marido está na Alemanha, onde casaram - o país permite a união entre pessoas do mesmo sexo. Ele diz estar convicto de que o ataque teve motivação homofóbica porque as roupas que usa e a entonação da voz indicariam sua orientação sexual. Ele lamenta o fato e diz não compreender a motivação para agressões gratuitas como as que têm acontecido na região da Paulista. "Não sei se isso é estimulado por comportamento familiar, programas na TV... Não sei interpretar o que acontece na cabeça da pessoa para ter um comportamento desse tipo", afirma.
O amigo tentou ligar para a polícia, mas não foi atendido. O estudante, então, procurou a base móvel da Polícia Militar na Paulista, nas proximidades com a Rua Haddock Lobo. Ele se queixa que os policiais não chamaram reforço para tentar buscar os agressores. "Pelo jeito, pensaram que tinha sido uma briga de balada."

Mãe de suspeito de mortes na Oscar Freire pede perdão a família de vítimas Andréia de Mendonça disse ao G1 que Lucas Rosseti nunca agrediu gays. Advogado afirma que seu cliente alega ter sido dopado por analista.


A mãe de Lucas Rosseti, de 21 anos, apontado pela Polícia Civil como o principal e único suspeito de ter matado a facadas o analista de sistemas Eugênio Bozola, de 52, e o modelo Murilo Rezende, de 21, na semana passada em um apartamento na Rua Oscar Freire, nos Jardins, em São Paulo, pediu desculpas aos parentes das vítimas em nome de seu filho. A motorista Andréia Zanetti de Mendonça, de 39 anos, pediu perdão em entrevista ao G1 concedida na manhã desta terça-feira (30). Apesar disso, ela disse que acredita que seu filho agiu em legítima defesa.
Andréia afirmou ainda que seu filho jamais agrediu gays. Bozola era homossexual, segundo testemunhas disseram à polícia. Além disso, Rosseti postou mensagens de cunho homofóbico na internet antes das mortes. Além da suposta motivação homofóbica, a investigação apura a possibilidade de o crime ter ocorrido devido a uma discussão banal envolvendo o tempo de permanência de Rossetti no apartarmento. Assim como Rezende, o jovem era hóspede no apartamento do analista. O combinado era que Rosseti ficasse uma semana no local, mas ele pediu para continuar a morar lá, irritando Bozola.

De acordo com as investigações, as vítimas e o assassino tinham ido a uma pizzaria e a uma boate gay no fim de semana antes do crime em São Paulo. Câmeras de segurança gravaram os três, que estavam acompanhados de outras pessoas.
Após o crime, Rosseti fugiu do prédio com o carro de Bozola. No dia 23, a empregada de Bozola encontrou as vítimas dentro do apartamento dele. De acordo com a investigação, o analista e o modelo foram achados com perfurações. Duas facas foram apreendidas pela perícia da Polícia Técnico-Científica para análise.
O assassino pode ter dopado as vítimas com remédio para dormir, segundo a investigação. A atual namorada de Rezende e sua ex haviam dito à polícia que ele afirmou pela internet e por telefone estar meio "grogue" horas antes do crime. Para tentar despistar a investigação, o agressor usou sangue para escrever nas paredes do imóvel as iniciais de uma facção criminosa que age no Rio de Janeiro, segundo a polícia.
O veículo de Bozola só foi achado no domingo (28) em Sertãozinho, interior de São Paulo. O rapaz acabou preso no dia seguinte na mesma cidade, que fica perto de Igarapava, município onde nasceu e conheceu o analista.

Rosseti foi transferido nesta tarde à capital paulista. Por volta das 15h15, chegou à sede do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), onde será interrogado.
“Queria aproveitar porque de todas as reportagens que eu vi ninguém mostrou que eu entendo a dor das outras famílias, que eles estão sofrendo também com tudo isso. Pedir perdão, se alguma coisa... se eu puder. Mas que eles entendam, que eu, como mãe, também estou sofrendo tanto quanto eles. Porque o que vai acontecer com meu filho eu não sei, é muito duro”, disse Andréia de Mendonça, que conversou na manhã desta terça-feira (30) com a equipe de reportagem do G1 no escritório do então advogado de seu filho, Ademar Gomes, na região central de São Paulo. O defensor deixou o caso na tarde desta terça.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

.:Entrevista a um Homossexual SÁBADO, 19 DE ABRIL DE 2008


Objectivo:

«     Conhecer melhor os modos de vida dos homossexuais e saber quais os principais problemas com que se deparam no seu dia-a-dia.

Perguntas:

1.     Fale um pouco de si: idade, actividade profissional, local de residência, origem geográfica (meio rural ou urbano/norte ou sul), origem familiar (família pobre/rica/de comerciantes) …

            Tenho 27 anos, trabalho num bar (em part-time), mas ando à procura de trabalho na minha área – design gráfico. Actualmente, moro em Lisboa, embora seja do Ribatejo. A minha família é de classe média (a minha mãe trabalha como governanta e o meu pai é gerente numa oficina de mecânica).

2.     Quando é que percebeu que a sua orientação sexual era esta?

            Percebi que era homossexual por volta dos 11 anos de idade, talvez um pouco mais cedo. Sempre me achei “diferente” do resto dos rapazes, porém, só consegui “dar um nome” a esta “diferença” por volta dos 11 anos. Ao perceber a minha orientação sexual, senti uma espécie de confirmação de uma suspeita. Mais tarde, ao aperceber-me do impacto social que esta situaçãocausaria, comecei a ter medo e vergonha. No entanto, nunca reprimi a minha sexualidade, ou seja, a nível pessoal, aceitei-a muito bem.

3.     Como lida com a sua homossexualidade no dia-a-dia (assumido ou não, perante quem/relação estável ou não, escondida ou aberta/situação no trabalho)?

            Eu sou um homossexual assumido para com os familiares, osamigos e os colegas de trabalho. Assim, não tento esconder a minha homossexualidade, porém, não a demonstro, na medida em que sou contra exibicionismos gratuitos.
            Neste momento, não me encontro em nenhuma relação, mas a anterior era “oculta”, uma vez que o meu companheiro não se assumia como homossexual.
            No local de trabalho, falo abertamente com os meus colegas acerca da minha orientação sexual, no entanto, não me exponho, no sentido em que não falo abertamente com todos sobre isso, mas apenas com amigos. Infelizmente, já me aconteceu informar um amigo de que sou gay e este decidir afastar-se de mim… Possuo ligeiros maneirismos não exagerados, porém, quem olhar para mim dirá que sou um rapaz gestualmente expressivo, nada mais.

4.     A sua família tem ou não conhecimento? Se sim, qual foi a reacção da mesma?

            A minha família mais próxima, isto é, pais e irmãos, sabe e reagiu bem, à excepção do meu pai, que me pôs fora da sua casa (os meus pais estão divorciados). Não houve qualquer tipo de violência, física ou verbal, por parte dele, apenas o silêncio e o afastamento (não comunicamos há já oito anos). Alguns dos meus primos e tios também têm conhecimento da minha homossexualidade e aceitam plenamente.
            Porém, a maioria das famílias dos meus amigos homossexuais tem reacções más que, com o passar do tempo, tendem a melhorar, mas, obviamente, também existem casos em que os familiares aceitam muito bem. No entanto, uma grande parte dos meus amigos ainda não contou, sequer, aos pais, na medida em que temem, por vezes, uma possível rejeição por parte dos mesmos.

5.     Se possível, caracterize a comunidade (ou população) homossexual.

            A comunidade homossexual é tal e qual a heterossexual: também é constituída por promíscuos e pessoas fiéis, indivíduos simpáticos e antipáticos, com gostos diferentes, ou seja, no seio desta existe toda uma panóplia das mesmas personalidades que criam a população heterossexual… A única diferença está no facto de nós, homossexuais, amarmos/sentirmo-nos atraídos por pessoas do mesmo sexo.
            No entanto, na verdade, há algo que distingue a comunidade LGBT– Lésbica, Gay, Bissexual e Trangender – (este termo é mais correcto que “comunidade homossexual”) da heterossexual, relativo à questão da imagem e da superficialidade, que está mais assente na população LGBT, embora isso também se verifique na comunidade heterossexual. Estas pessoas (felizmente, um grupo restrito) julgam os outros apenas pela sua imagem e representam as que gostam de “dar nas vistas”. Contudo, é possível conviver durante muitos anos com um indivíduo homossexual e nunca nos apercebermos da sua orientação sexual. Mas há, também, aqueles homossexuais que “dão nas vistas” (por exemplo, na forma de andar e falar – os tais maneirismos) e não o fazem de propósito, isto é, são assim “por natureza”, apesar de muita gente, erradamente, alegar que agem assim propositadamente.

6.     Na sua opinião, como é actualmente encarada a homossexualidade pela população em geral?

            A população em geral tolera: apesar de haver muita gente preconceituosa, a maioria não insulta, até porque muitos indivíduos já sabem que a homossexualidade não é uma opção sexual nem uma doença. Grande parte da comunidade prefere que os homossexuais não demonstrem afectos em público, o que, para mim, é injusto, uma vez que um casal heterossexual evidencia, sem problemas, “carinhos” em público. Assim, simultaneamente, há e não há tolerância... Efectivamente, muitas pessoas ainda acreditam que, numa relação homossexual, tem de haver, obrigatoriamente, alguém que desempenhe o papel feminino e alguém que exerça o papel masculino; que todos os gays são sensíveis e detestam desporto; que todas as lésbicas são feias e fortes; que os bissexuais são homossexuais não assumidos...
            A homossexualidade, até 1973, era considerada doença psicológica, o que faz com que muitos idosos ainda pensem assim, mesmo aqueles que a aceitam ou toleram. Então, passou a ser encarada como "opção sexual" e, actualmente, “orientação sexual”, que, a meu ver, não define claramente como nós, no geral (ou seja, enquanto humanos), somos. Na minha opinião, tanto a hetero como a homossexualidade são orientações emocionais, psicológicas e sexuais.
            A discriminação sobre a comunidade LGBT, infelizmente, ainda é alta, porém, actualmente, ocorrem menos demonstrações de violência. No entanto, no “interior”, esta ainda é muito elevada, mas acho quemuitos indivíduos não demonstram a sua antipatia porque a sociedade é cada vez mais sensível em relação às minorias. Algumas pessoas vêem a homossexualidade como algo antinatural (apesar de estar provado que a maioria dos animais tem práticas homossexuais); outras acham-se superiores a tal orientação, isto é, uma vez que a heterossexualidade representa a norma, em termos de sexualidade humana, e a homossexualidade existe numa percentagem menor, alguns heterossexuais pensam-se melhores; certas pessoas discriminam porque não conseguem lidar com a sua própria homossexualidade (caso dos homossexuais “reprimidos”). Neste momento, não nos encontramos no ideal duma “sociedade para os homossexuais”, como é o caso da Dinamarca, mas penso que estamos no caminho certo para uma maior igualdade! Realmente, os homossexuais deveriam gozar dos mesmos direitos que os heterossexuais, pois vivemos numa democracia. Todavia, isso deveria acontecer com todos os cidadãos, isto é, independentemente da sua cor, sexo, sexualidade, crença... Uma sociedade que não nos “condenasse” seria muito agradável! Tentar mudar as mentalidades mais “arcaicas” passa por, acima de tudo, educar, ou seja, sensibilizar as pessoas e desmistificar as informações falsas. Penso também que a discriminação acontece e se modifica por fases/ciclos... Esta está muito relacionada com as diferentes gerações, acho eu... Esta nova geração, portanto, os mais jovens, discrimina muito, mas a dos idosos também. Porém, estas discriminações têm características diferentes: os idosos discriminam porque desconhecem (e o ser humano teme o desconhecido), enquanto que os novos discriminam por acharem a homossexualidade algo nojento ou antinatural...
            Nem todos os homossexuais optam por andar de mão dada com o(a) companheiro(a), e isto por diversas razões: um dos membros do casal pode ser “não assumido” (ou ambos); quando se encontram em locais que desconhecem, receiam possíveis ataques; tal como eu, podem não gostar de mostrar afecto em público, entre tantos outros motivos.
            Eu já assisti a insultos destinados a homossexuais, mas estes são lançados tal e qual como comentários negativos a pessoas baixas, altas, magras, gordas... Tive ainda conhecimento do caso de um rapaz cujos supostos melhores amigos encontraram perto de um bar “misto” e agrediram fisicamente. Pelo que soube, este foi atacado apenas pelo simples facto de estar a falar com um indivíduo assumidamente gay...

7.     Já alguma vez se sentiu discriminado por causa da sua orientação sexual? Fale-nos de alguma situação pela qual tenha passado.

            Sim, já me senti discriminado por ser homossexual, no entanto, não de forma directa. Passo a explicar: na escola (“liceu” – 10.º ao 12.º anos), a meio de um debate sobre discriminação nas instituições escolares, assumi-me (nem sei bem de que forma o fiz) como homossexual. Mais tarde – já na faculdade –, soube que a minha turma, desde o dia do tal debate, passou a proteger-me de todas as pessoas que, escondidamente, me ofendiam, explicando aos criticadores que não era correcto caluniarem-me pela minha orientação sexual.

8.     O que pensa acerca das diferentes posições religiosas relativamente à homossexualidade?

            As posições religiosas, relativamente à homossexualidade, no geral, estão mal fundamentadas. Penso que se perdeu muito das origens das diversas religiões... Por exemplo, no caso da Igreja Cristã, a pregação do respeito e do amor ao próximo já não se encontra tão patente. As religiões tornaram-se demasiado activas a nível da política, de maneira que lhes seria bastante benéfica uma reforma qualquer...
            Sei que o Cristianismo, de certa forma, tolera a homossexualidade, desde que esta não seja praticada; o Islamismo condena e chega mesmo a queimar homossexuais; o Judaísmo também condena e excomunga; o Budismo aceita esta orientação sexual, na medida em que a vê como uma forma de “expressão da alma”; o Taoísmo – movimento religioso chinês – aceita, uma vez que também permite todas as outras formas de orientação sexual; desconheço a posição doProtestantismo, no entanto, acho que deve ser minimamente tolerante relativamente à homossexualidade, talvez como forma de “provocar” os cristãos.

9.     Como se sente relativamente ao facto de o casamento civil entre homossexuais, em Portugal, não ser permitido?

            Na minha opinião, o casamento civil entre homossexuais devia ser permitido. Os heterossexuais têm a opção de casar ou não, enquanto os homossexuais não possuem o direito de realizar essa escolha... Eu quero poder dizer "Não me quero casar!", e não "Não me posso casar...". Dessa forma, nós, homossexuais, teríamos a hipótese de casar e desenvolver uma vida em conjunto, de forma aberta e legal. E, muito importante, em caso de doença/acidente, poderíamos ir visitar o nosso cônjuge ao hospital, tal como receber heranças e comprar imóveis conjuntamente.
            Há inúmeras vantagens que nos são facultadas num casamento e que não são numa união de facto... Falando ainda do caso de recebimento de heranças, imaginemos que o meu namorado morre e me deixa, em testamento, uma casa. Estando eu apenas em união de facto com ele, a família directa (pais e irmãos) possui maior poder de decisão que eu. Logo, se essas pessoas não quiserem que eu fique com a tal casa, eu não tenho poder suficiente para discordar. Contrariamente a esta situação, em caso de casamento civil, eu passo a deter maior “autoridade”, uma vez que também sou familiar directo (segundo a lei, cônjuge à pais à irmãos).

10.      E em relação à adopção por homossexuais não ser, também, permitida?

            A minha opinião, relativamente a este assunto, é um pouco incerta... Penso que, neste momento, Portugal ainda não está socialmente apto para que a adopção por homossexuais seja aceite, mas é óbvio que há pessoas que compreendem que dois homens ou duas mulheres podem criar uma criança tão bem como um homem e uma mulher. Porém, a maioria da população portuguesa ainda possui, a nível deste tema, a mentalidade subdesenvolvida.
            Eu sou a favor da adopção por homossexuais, pois tenho plena consciência de que é algo que funciona, uma vez que conheço casais, no nosso país, em que tal situação decorre naturalmente.
            Assim, acho que, por enquanto, esta lei não deve ser alterada, mas, possivelmente, corrigida (ou seja, contendo passagens directamente relativas a casais LGBT, como a possibilidade de uma avaliação da situação do casal homossexual, de modo a que se averigúe a existência das condições necessárias à educação de uma criança, e, talvez, a verificação da presença regular de um indivíduo do sexo masculino/feminino (consoante o caso)).

11.       O que pensa que se poderá fazer para facilitar a integração social dos homossexuais?

            A meu ver, é necessário condenar as práticas preconceituosas que ocorrem em ambientes mais pessoais (grupo de amigos, local de trabalho, escola) e educar a população no sentido de uma maior sensibilizaçãodas diferenças de cada um. E há também aquelas simples acções que todos nós podemos efectuar, inclusivamente os heterossexuais, explicando, a amigos e conhecidos, que é errado discriminar.

Conclusões:
           
            Após a realização desta entrevista, concluímos, novamente (tendo em conta o primeiro testemunho, de uma lésbica), que a revelação da orientação sexual homossexual se faz, principalmente, a amigos mais íntimos e familiares. Compreendemos que, aquando desta revelação a familiares, a reacção nem sempre é positiva, porém, na maioria das vezes, tende a melhorar.
            Aprendemos que o melhor termo para designar a população homossexual é “comunidade LGBT – Lésbica, Gay, Bissexual e Trangender”.
            Percebemos que, na maior parte dos casos, a sociedade tolera mais do que aceita, e que a discriminação (segundo o entrevistado, ainda elevada) se desenvolve, muitas vezes, no interior das pessoas, podendo nunca chegar a ser exteriorizada. O inquirido mostra-se confiante, na medida em que é da opinião que a sociedade portuguesa, neste momento, avança para o sentimento de uma maior igualdade pelas minorias (como é o caso dos indivíduos homossexuais). Apreendemos também que o facto de muitos idosos, na altura em que realizámos o inquérito à população, encararem a homossexualidade como uma doença, se deve ao facto desta, até 1973, ter sido considerada uma doença psicológica (inclusive pela OMS – Organização Mundial de Saúde).
            Este entrevistado, comparativamente com o anterior, demonstrou uma maior percepção de várias posições religiosas relativamente à homossexualidade. Através da resposta a esta pergunta (oitava), foi-nos possível concluir que as diversas religiões encaram de forma diferente a comunidade LGBT, isto é, tendo em conta os princípios pelos quais se guiam.
            Mais uma vez, “fitámos” a lei que proíbe o casamento civil entre gays e lésbicas como uma enorme arbitrariedade contra os casais homossexuais, uma vez que, na nossa opinião, este não se trata de um assunto dúbio, ao contrário do tema “adopção por homossexuais”.
            O inquirido mencionou algo bastante importante e útil para a facilitação da integração social da população LGBT: alguns de nós, enquanto cidadãos que não discriminam, temos o dever de alertar os que, de certa forma, excluem os homossexuais, para que não o façam.